29 de novembro de 2009

o certo do não certo

Afinal não és assim tão honesta. Eu pensava-te a pessoa mais honesta para comigo e afinal não o és.

Por vezes a verdade não é tão simples quanto o proferir de palavras. Não é tão simples como se pinta, por vezes até sem cor. Por vezes a verdade é a maior das mágoas, a escuridão densa no interior de cada um. Por vezes é tão cega que deixa de existir e nem nós dentro dela temos a noção da sua existência. Até... até que chega o momento em que menos esperas e na maior da escuridão se faz luz, a mágoa mais profunda derrama a sua dor e a cortina da cegueira é desvendada. Tomas consciência que te fizeste cair na mentira, tu criaste essa história, e agora estás tão enrodilhada nela que não a queres perder. Não queres sair da zona de conforto. Ou então a verdade nem te dói mas tu ingénua na realidade preferes ficar parada. Por vezes queria-te aqui, queria ter ficado num tempo que não o presente e seguir a verdade. Mas esta verdade mentirosa não é menor que essa, por isso continuo.

A melancolia tem-me surpreendido com a sua companhia numa pequena dose. Vem acompanhada de interrogações, já muito respondidas. Parece não compreender, tem a procura incessante pela mudança certa de resposta. Conhece-me demasiado bem e sabe por certo que eu sou tela branca a cada compasso de tempo. E ela deixa-me ficar só ,a penetrar nas entranhas do ser, tentando encontrá-lo, um mergulho sem fim, onde o acto de respirar será permanente sem nunca encontrar a ancôra do ser. Mexo e remexo, desloco, entorno, uma bagunça imensa sem nunca encontrá-lo. Como flashes vai-me iluminado mas o caminho é sempre obscuro, como uma floresta densa. E continuo(...)

22 de novembro de 2009

je rêve comme une amélie



são tempos difíceis para os sonhadores

17 de novembro de 2009

thanks to all 'good nights'

(tu querias uma história feliz. vou pedir às palavras que me conduzam para essa história que tanto me pedes.)

Foi uma reunião de amigos. Uma tertúlia.

É sempre a subir. Uma rua onde o encontro é o mais certo. Temos mais paragens do que o costume, afinal estamos todos cá.
Com ela na mão, o sentido do andamento é reverso. As paragens tornam-se o percurso e o convívio toma conta de nós. Já nem falo só com os amigos, os desconhecidos conseguem a troca e a noite corre. Sentada com ela quase no fim, já nem a mente cá está. Navego no meu olhar, sinto-me demasiado bem comigo para reparar no exterior. No fim do percurso já a noite é dia e deixou de ser criança. Na rotina do deitar ainda tenho tempo para pensar 'mais uma noite a recordar'.
Adormeço com a ideia que todos estiveram lá.

faz sentido

8 de novembro de 2009

rascunho

Uma lástima de dia. Não por contradições de tempo, não por chover em vez do sol brilhar. Uma lástima apenas pelo meu mood que está uma lastima. Está tal e qual o meu dia. Um caracteriza o outro. Sentada a ouvir o jazz, sinto todo o meu corpo a entrar numa história que não esta que vos conto. Sinto-me a andar, passo a passo através de estranhos que olham, que me admiram, que me vislumbram, tal qual os seus olhos fossem o ar em redor, caminho. A música deixa-me caída no sofá que contorna a mesa que apoia o copo de martini. Sinto-me a Cruella de Vil, mas com uma maior doçura no coração. Já peço o quarto e nada de novo. O mesmo ar respiro de forma leve, simples e sem piada. O meu ritmo cardíaco é de um coma, só preciso é de mais uns quantos para esse meu estado clínico se confirmar. Já nem postura tenho, a banda continua a tocar. A sala está mais vazia. Sinto a presença de uns passos que se fazem sentir no meu ouvido esquerdo, o outro está apoiado na minha mão. Estes seres conquistadores boémios fazem-me largar sempre um sorriso penoso e sarcástico. Vejo os seus lábios moverem-se mas apenas me oiço a mim e ao som do baixo lá adiante. O bocejar diz-me para casa regressar. As minhas pernas já não passeiam, apoiam-se nestes red shoes de salto alto Gucci, eles que caminhem. Fazendo uso do push na porta empurro-a, a brisa lá de fora levanta-me a pestana e desperto desta história que não esta que vos conto. O meu dia está uma lástima, tomo um Niravam que o capicua com letras já se foi. Adormeço com a semelhante sintonia de uma pedra atirada ao rio. Até amanhã.

7 de novembro de 2009

episódio 134522678907457355621245787898

Que fazem aqui esta noite?
estamos a investir tempo na vida

e assim paulo gama a chamou de artista.

3 de novembro de 2009

sem título

A minha vida é um processo rotativo. Não como um ciclo vicioso, porque a cada volta descubro sempre algo novo. É difícil olhar em flash back e pensar que por mais voltas que dês, o balanço nunca é dado para trás. Não sei se fico feliz ou triste, apenas fico estática, a pensar que a vida podia ter timings mais perfeitos, em vez de andar a atirar ao lado. Parecem mil planos num, a velocidades diferentes. É-me complicado de compreender. Talvez com menos discernimento consegui-se lá chegar, mas estou cega com tudo o que sei. Desde esse tempo atrás que mil voltas já dei, muitas rotações por minuto e cada vez menos sem conseguir abrandar. Ainda não sei o que sinto, contudo no reverso da moeda já o sei, e bem. Tudo é bastante simples não o sendo simplesmente. Tal como tu, isto é só um desabafo.

Conheço-te de algum lado?



«se existissem almas gémeas, todos seriamos siameses»