20 de abril de 2010

Berlin












by: Filipe

excerto 3

Um dia fiz-te um desenho que representava tu hoje e igualmente no futuro, mas maior. Foi quando me ligaste a chorar. É um desenho com extrema força e que talvez só eu o entenda. Até cheguei a conservar e empacotar a minha sorte para te dar. Mas tu foste antes de receberes aquilo que te pertencia. Ainda hoje tenho comigo, o desenho e a sorte guardado dentro do livro, que um dia disse para pegares.

excerto2 (bom)

Melhor que tudo, é conhecermos alguém que nos faz ver, aquilo que tínhamos esquecido, que podemos ir mais além. O quê? Sim. Tu, eu e os outros podemos ir mais além. É surpreendente como um momento, muda o nosso sentido corrente da vida. Fantástico. É certo que dá para os dois lados, bom e mau. Mas quando está mal e chega o lado bom, é realmente Booooooooooooom, bom. Pode ter sido uma mera conversa, pode ter sido um mero olhar, pode ter sido um mero beijo, pode ter sido um mero tocar, pode ter sido um mero constatar, pode ter sido uma mera certeza do acontecido, pode ter sido o teu mero tu, ou um mero dele. É fenomenal. E queria dar um obrigada a isso. Muito, mas muito obrigada. Foi simples, mas deveras eficaz. Tenho que o dizer, aweh.

excerto1

Um dia vou ter tudo o que quero e desejar por mais. Sou um puzzle que começa pela peça do meio e não pelos cantos. Os cantos serão a ultima aresta do sem forma das cento e muitas peças que terei para encaixar. Cento e muitas ou muitas mais. Sou sincera com o que sinto, mas nem sei bem o que sinto. Está tudo tão aborrecido. Tenho-me comparado com a rapariga de há um ano atrás e pergunto-lhe se era feliz, ela responde que sim, mas o estranho é que tal felicidade hoje era um não sentido. Não era razão de me fazer feliz. Hoje não sei o que me faz feliz. Estou cansada e não o quero estar. Pensei que crescer fosse bom, ter consciência e poder seria bom. Está-se a revelar um verdadeiro engano. Apetecia-me de punho fechado elevar o dedo do meio, apontar para tudo o que disse e que tudo mudasse. Estou cansada deste termo a que chegou o que sou. No entanto tenho pirilampos que não me deixam ficar no escuro. São esses que me têm dado brilho. Também os chamo de anjos, só que não voam. Não é bem verdade, mas deixa. Um dia quero ser parte d'hoje e muito do que vem. Quero guardar a outra parte do que sou num canto que me lembre do quanto sou forte, mas que não me deixe ser rancorosa. Quero que esse dia seja o amanhã.

4 de abril de 2010

3 de abril de 2010

Ao espelho, onde vês o reflexo entre o homem que és e aquele que gostarias de ser, respiras fundo e desejas que essa mulher chegue um dia, mas não demasiado cedo para te assustar nem demasiado tarde porque entretanto pode aparecer outra e tu vais deixar-te ir, convencido que é essa e não eu a mulher da tua vida.
O que tu não sabes, meu querubim cansado, é que do outro lado do espelho eu te vigio, como se fosse o teu avesso e te protejo, como se fosse o teu presente, e te desejo, como se pudesse ser o teu futuro.
Mas é ainda demasiado cedo, é ainda tempo de guardar no silêncio dos dias a vontade de te querer. É ainda de manhã e tu estás atrasado para o trabalho e eu estou adiantada na tua vida, por isso respiro fundo do outro lado da tua imagem e espero, sentada no baloiço, lá mesmo em cima, para que não me vejas, que um dia dês o salto para o outro lado da tua vida e sejas quem sempre sonhaste para que te vejas ao espelho como eu já te vejo, como tu és.
Margarida Rebelo Pinto

2 de abril de 2010

Lord.knows

Corri como flecha quando vi a linha da meta. Senti a fita a enrolar-se no meu corpo quando a cruzei. Foi excelente a sensação de esforço conseguido. Quando me virei para festejar com os outros percebi que não lá estavam, ninguém. Foi tudo um sonho de menina que fecha os olhos e sonha. Na verdade não venci, nem com ela mesmo. No meu caso não era sorte, nem azar. Não era trabalho, nem esforço. No meu caso eram pessoas. Aquelas que nos rodeiam e que por mais sós que sejamos, elas dão sentido à nossa vida. Foi uma pessoa que me fez ver que posso perder. Me fez ver que a vitória às vezes só pertence à imaginação do senhor rei do respirar. Mas essa pessoa também me fez ver uma outra coisa que não sabia ser verdade, fez-me ver que esta anterior nem sempre é a chave da liberdade. Por vezes ela é a ferida que não cicatriza, a ferida que arde e dói. Mas houve um dia antes de todos estes, em que uma outra pessoa, que se nomeia de existência, me ensinou uma coisa, que eu nos dias de hoje ainda acredito, o fruto que colhes é da semente que plantas. Assim te pergunto em tom de despedida pessoa, a tua colheita será de bom princípio?