28 de setembro de 2010



hoje fiquei viciada

26 de setembro de 2010

softness

passei o dia a olhar-te.
peguei numa pá e escavei, não sabia bem qual a profundidade óptima para te colocar. medi com o olhar e lá te deixei. tapei-te. molhei a terra que te cobriu. pousei a pá e sentei-me. eram as seis e trinta e dois da manhã. o sol subiu pelo vale atrás de mim. desculpas tive de te pedir, não gosto nada de virar costas. o que estava do outro lado valia a pena olhar, no final tive pena por não teres conseguido ver comigo. quando ia lá no alto, tu apareceste pela primeira vez. eras verde.
às três e doze da tarde começou a pingar, cada vez mais e mais, uma jorrada de água caiu sobre nós. fiquei ensopada e a espirrar.
tiveste o teu auge a meio da tarde. as cores das tuas flores murcharam para darem a vez aos teus frutos. tive de os saborear. o gosto da tua vida era delicioso. chegou a noite e tu esmoreceste aos poucos. voltaste para o fundo abaixo do profundo da manhã antes do dia. não pude fazer nada, não pude impedir que fosses para sempre embora. era a tua vida e não a minha. se pudesse trocar, teria o feito. pior que saber que já não a tens, é saber que a tenho sem a tua.
levantei-me e fui. limpei a cara. entrei no banho. abri a cama, cai no sono.

prisma

Em todos os momentos estou a pensar em ti. Como é óbvio não são todos, não sou um ser limitado a nível de pensamento. A outros níveis também não. Não sou limitada em nada. Só sei que penso em ti quando dou por mim a pensar que estou a pensar em ti. Chega a ser doentio. Quero pensar noutra coisa, no entanto aquele instante é teu e nada posso fazer em relação a isso. Descobri então que sou limitada, apenas quando penso em ti. É tão bom sentir-me assim. Adoro quando chegas à minha beira e tornas real todos os pensamentos que tive longe de ti. Sinto um arrepio cliché, que chega à garganta e me deixa quase sem goto. Sorrio para ti, mais com os olhos do que com os lábios. Tu dá-lhes uso noutras circunstâncias. Até quando conversamos. És capaz de os fazer mexer ao gosto das tuas palavras, só para não te terem de contrariar, ou para isso mesmo. Sinto saudade agora que não estás aqui. Afinal, já estás a ligar para mim. Adoro-te.