
Uma lástima de dia. Não por contradições de tempo, não por chover em vez do sol brilhar. Uma lástima apenas pelo meu mood que está uma lastima. Está tal e qual o meu dia. Um caracteriza o outro. Sentada a ouvir o jazz, sinto todo o meu corpo a entrar numa história que não esta que vos conto. Sinto-me a andar, passo a passo através de estranhos que olham, que me admiram, que me vislumbram, tal qual os seus olhos fossem o ar em redor, caminho. A música deixa-me caída no sofá que contorna a mesa que apoia o copo de martini. Sinto-me a Cruella de Vil, mas com uma maior doçura no coração. Já peço o quarto e nada de novo. O mesmo ar respiro de forma leve, simples e sem piada. O meu ritmo cardíaco é de um coma, só preciso é de mais uns quantos para esse meu estado clínico se confirmar. Já nem postura tenho, a banda continua a tocar. A sala está mais vazia. Sinto a presença de uns passos que se fazem sentir no meu ouvido esquerdo, o outro está apoiado na minha mão. Estes seres conquistadores boémios fazem-me largar sempre um sorriso penoso e sarcástico. Vejo os seus lábios moverem-se mas apenas me oiço a mim e ao som do baixo lá adiante. O bocejar diz-me para casa regressar. As minhas pernas já não passeiam, apoiam-se nestes red shoes de salto alto Gucci, eles que caminhem. Fazendo uso do push na porta empurro-a, a brisa lá de fora levanta-me a pestana e desperto desta história que não esta que vos conto. O meu dia está uma lástima, tomo um Niravam que o capicua com letras já se foi. Adormeço com a semelhante sintonia de uma pedra atirada ao rio. Até amanhã.
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