8 de janeiro de 2010

19.12

Estava assustada, o mundo era todo novo para mim pela primeira vez. Era ainda verão, apesar do equinócio de Outono já ter entrado há pelo menos três dias e meio. Sentia que o meio dia já tinha passado, mas que o calor não se ia. Cada gotícula de água descia, num sentido infinito. Fiquei parada vinte segundos, pouco mais e o tacto com a transpiração definiam todo o meu corpo, numa loucura de evaporação que ia e vinha e ficava ali a colar na minha t-shirt, que era branca. Sorte a minha que não era preta. Fui despertada pela missão que me aguardava, um caminho enorme, com curvas e contra-curvas e mais voltas e rectas, muitos quilómetros em suma. Foi ai que senti, uma brisa quente. Ao menos serias algo melhor se fosses fresca. Mas foi assim que chegaste, uma brisa quente. O meu olho dilatou e gravou a imagem da tua pessoa para sempre no meu coração. Eu sorri discretamente para ti, o hilariante foi que viraste o teu corpo numa direcção oposta ao rasgar tímido dos meus lábios. Devo ter corado. Aí como fugi com o meu pensamento em flecha para outro sítio. Não queria ficar embaraçada logo no primeiro dia.

Fui te vendo. Aqui e ali, mas nunca mais foste uma brisa, aliás passávamos lado a lado com um esquecimento profundo da minha parte. Em dias de frio a tua brisa foi gelada.

Cheguei a uma festa e encontrei-te. Falámos e falámos e falámos, nem me lembro já do quê, faz mais de um ano. O teu carinho naquela troca de tudo o que era nosso, ficou guardado na minha caixa das recordações, impenetrável por outros. Foste meu naquela hora. Parecia que o mundo girava à nossa volta, talvez… Eu também estava embriagada. Fomos separados para a mesma festa e continuamos a fala. Confiaste em mim e disso também nunca me esqueci. Desculpa se alguma vez peguei nas palavras ditas por ti, para uma situação minha, perdoa-me. Nunca mais te vi, até ao dia a seguir. Pela mais pequena hipótese do destino, por uma janela que nunca antes tinha olhado, pela menor dimensão de janela possível, só tu apareceste. Foi tão mágico. Ainda tivemos um momento mais mágico. O momento Hollywood, chamei-lhe eu. Estava com os meus maiores confidentes, com os meus melhores amigos. Foi estonteante. Durou 3segundos reais, mas uma quantidade enorme de tempo pessoal. Sopro com ar esta cassete que fica em modo play back nos meus olhos. Assim te fui conhecendo. Um dia, outro, e outro. Foi como se houvesse um Deus, um destino pré destinado num só sentido, não havia hipótese. Acreditasse eu em Deus e isto seria verdade. Tu aparecias, cada vez mais. E no dia em que eu fiquei sozinha tu foste a minha única companhia. Foi o canto do destino, a graça de Deus, o clímax do nosso mundo, foi o que foi e aconteceu.

Esta história tem demasiadas palavras minhas, demasiado da minha poesia. Peço-te que escrevas agora, o fim. Só te peço para não usares o calão.

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