27 de outubro de 2009

notebook

Corro para te ver, é manhã e cheira a torradas com chá. Ganhámos o gosto pelo chá na temporada em Angola. Estava na moda, foi numa daquelas alturas ecológicas onde apareceu o sucessor ao Al Gore. Já lá vai tanto tempo. Foi lá que nos tornámos senhores. Já há muito doutores é verdade, mas lá conhecemos o que era ser homem, senhores de terras, senhores de responsabilidade.
Está-me a vir à memória a nossa pequena desavença, durou 2meses, 5 dias e 16horas. Que teimosia a tua, mas aprendi a lidar com ela como tu lidas com a minha. É algo das poucas coisas que temos em comum. Sempre te disse e te digo tu não me complementas, tu acrescentas-me e esta frase é exclusiva a ti.
Corro para te ver, mas esta corrida há muito que passou a ser uma caminhada, as pernas pesam o tempo da idade. Vejo pela luz que entra que está um dia cheio de sol e de certo vou sentir o orvalho da manhã. A meta atingi mas não te vi. Não estás perto do "café da manhã", mas deixaste uma nota aqui para eu ler amo-te. Também te amo amor. Com a lentidão que me adjectiva, caminhei até à porta que dá acesso ao alpendre. Aqui estás tu, sentado de olhos fechados, com um sorriso nos lábios, a deslumbrar o sol da manhã. Ora estás diferente, aqui já não estás. Espera. Sentei-me a teu lado no banco de baloiço. Espera meu amor, ainda tens de dizer adeus. Sussurro-te ao ouvido foste tu que me ensinaste a palavra amor, Adeus.
Com um dar as mãos gelado e um aconchegar, contemplo a paisagem e sobre o teu ombro descanso a dor da tua perda.







Sem comentários:

Enviar um comentário