22 de fevereiro de 2010

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Quase que sentia a tua pela tocar na minha, o teu cheiro a penetrar nas minhas sensações olfactivas. Foi um extasiar, extasiado. Eras um grego que falava latim dos tempos modernos. Um herói com espada de cortar corações, que desfez o meu. Eras grego e eu estrangeira. O nosso muro de Berlim era a língua que não nos entendia. Só a linguagem do corpo se fazia palavra e eu te escutava. Era muito mais minuciosa com a interpretação e por incrível que pareça era-me mais fácil de entender. Naquela tórrida tarde de inverno, em que a chuva caía em forma de pedra e nós sobre o nosso éden descasávamos, acordaste de sobressalto, não falaste comigo. Só vi as tuas costas ao longe, cada vez mais longe até parecer miragem. Não me preocupei, sabia que voltarias e ficarias comigo. A espera tornou-se a passagem do tempo, ele passou sem eu ver e sem te ver. O mundo me dizia todos os dias o teu adeus, mas não era o teu corpo que me falava, então não acreditava. Porque eu era a tua deusa e tu o meu grego. Naquela noite adormeci já sem lágrimas e mesmo sem estrelas no céu. Disseste nos sonhos voltei, mais, disseste na tua língua natal e eu entendi. Apenas sorri. Nesse instante abri o reflexo da minha alma e te vi, e senti a tua fala na minha, a fala universal do que é amor. Contigo a meu lado sabia que mesmo sem estrelas no céu seria Feliz.

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